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Implementando uma abordagem estruturada para a gestão do risco microbiológico na indústria de produtos de origem animal

06/02/2024

Eu quero abordar um tema crucial para a indústria: a gestão do risco microbiológico na elaboração de produtos de origem animal. Como profissionais que trabalham na linha de frente da segurança e qualidade dos alimentos, sabemos o quão importante é adotar uma abordagem eficaz para lidar com os desafios inerentes a produção e processamento de alimentos de origem animal.

A Lei 14.515 de dezembro de 2022, que dispões sobre os programas de autocontrole dos agentes privados, institui a análise de risco como abordagem de ação da defesa agropecuária; um dos princípios da fiscalização descrito na lei é a “atuação baseada no gerenciamento de riscos”. Por outro lado, os programas de autocontroles (PAC) desenvolvidos pelas empresas devem garantir a inocuidade, qualidade e segurança dos alimentos, ou seja, são procedimentos que devem prevenir os riscos.

Sendo assim, a gestão do risco incorporada aos PAC é uma abordagem preventiva, pois permite identificar e monitorar os fatores que possam originar riscos microbiológicos. Esta forma de atuação torna o controle dos riscos à saúde pública mais transparentes e alinhados com os princípios da fiscalização descritos na Lei 14.515.

É comum vermos a gestão do risco sendo tratada de forma reativa, onde a ação ocorre somente após um problema surgir. No entanto, é imprescindível que passemos de uma postura reativa para uma postura proativa, onde a prevenção seja o foco principal. Para isso, gostaria de destacar quatro pontos-chaves que considero essenciais:

  1. Estruturação da gestão do risco: A gestão do risco deve ser cuidadosamente estruturada, com políticas e procedimentos claros estabelecidos para lidar com os perigos microbiológicos específicos que são enfrentados diariamente na indústria de alimentos. Ao ter uma estrutura sólida em vigor, pode-se garantir uma abordagem consistente e eficaz para mitigar os riscos.
  2. Integração aos processos de produção: A gestão do risco não pode ser tratada como uma atividade isolada, mas sim integrada aos processos de produção. Cada etapa do processo de produção deve ser detalhadamente avaliada para identificar e monitorar os principais fatores de risco, incluindo eventos, vulnerabilidades e fragilidades que têm o potencial de originar riscos microbiológicos. Ao integrar a gestão do risco aos processos de produção, pode-se garantir que ela se torne uma parte natural e essencial nas práticas de produção.
  3. Evitar abordagens superficiais: a gestão do risco não deve ser realizada apenas para atender a exigências regulatórias externas. Ela deve ser uma parte fundamental da cultura organizacional, onde todos os membros da equipe entendem sua importância e contribuem ativamente para sua implementação. Ao evitar abordagens proforma, podemos garantir que os esforços sejam genuínos e eficazes.
  4. Auxílio na tomada de decisões: a gestão do risco não é apenas sobre identificar e mitigar riscos, mas também sobre capacitar os gestores a tomar as melhores decisões possíveis em todas as situações. Ao estar constantemente alerta aos perigos e fatores de risco, podemos agir de forma proativa para evitar consequências negativas – sejam elas econômicas ou de saúde pública. A gestão do risco deve ser uma ferramenta que ajuda a tomar decisões informadas e a proteger a saúde dos consumidores.

A gestão do risco microbiológico na indústria de produtos de origem animal não é apenas uma obrigação, mas sim uma necessidade para garantir a segurança e qualidade dos alimentos que são produzidos. Ao seguir uma abordagem estruturada, integrada e proativa para a gestão do risco, podemos proteger não apenas os negócios, mas também a saúde e bem-estar dos consumidores.

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Por Luís Gustavo Corbellini, Médico Veterinário, Doutor em epidemiologia